Advances in Science

Neurocirurgia, Neurologia e Neurociência (vol 2)

Marcelo Moraes Valença — 2025-02-18

Este segundo volume da série Neurocirurgia, Neurologia e Neurociências apresenta novos conhecimentos que ampliam as fronteiras da prática neurocientífica. Dando continuidade à missão de disseminar informações atualizadas, este livro reúne trabalhos de médicos, jovens e experientes cientistas e neuroanatomistas que, por meio de estudos clínicos e laboratoriais, buscam aprimorar as técnicas diagnósticas e cirúrgicas na área.

Os capítulos exploram a intersecção entre prática clínica e pesquisa científica, oferecendo uma visão aprofundada sobre doenças neurológicas. A partir de casos clínicos detalhados, os leitores podem entender melhor as complexidades da fisiopatologia dessas condições, proporcionando insights valiosos para a comunidade médica. Técnicas inovadoras, como novas intervenções cirúrgicas e avanços em tecnologias de imagem, também são discutidas, destacando o impacto dessas abordagens no tratamento de pacientes. Estes avanços prometem revolucionar o campo das neurociências, elevando o padrão de cuidado e fomentando a investigação de novas fronteiras científicas.

Além do conteúdo técnico, o volume enfatiza o lado humano das neurociências, destacando o impacto real das doenças neurológicas na vida dos pacientes e suas famílias. Essa perspectiva holística reforça a importância de uma prática médica compassiva e centrada no paciente, integrando ciência e cuidado.

Esperamos que este livro inspire profissionais e pesquisadores, promovendo um espírito colaborativo e inovador que impulsione o progresso no campo. Ao utilizar este material, acreditamos que ele servirá como base para o crescimento contínuo do conhecimento e para a melhoria do cuidado aos pacientes.

Convidamos você a explorar este material e utilizá-lo como um catalisador para seu crescimento como profissional ou pesquisador em neurociências. Nosso objetivo é incentivar a busca contínua por excelência no cuidado aos pacientes, acreditando que os insights deste volume não apenas melhorarão as práticas clínicas, mas também estimularão novas iniciativas de pesquisa.

O que nos motiva a comer? Desvendando os mecanismos biológicos do comportamento alimentar

Sandra Lopes de Souza — 2024-10-10

Dentre os atuais eminentes pesquisadores, herdeiros da escola pernambucana de Neuropsiquiatria, nas áreas das ciências do comportamento, desponta a Dra. Sandra Lopes de Souza. Sua contribuição significativa no campo experimental das Neurociências e Nutrição é reconhecida internacionalmente, e pode ser facilmente constatada através de suas publicações originais, aceitas em revistas de grande impacto no mundo acadêmico. Do ponto de vista epistemológico, Dra. Sandra Lopes de Souza pertence a mais moderna linha de pensamento cientifico das chamadas Ciências da Vida, denominada “Origem desenvolvimentista da Saúde e da Doença”. Do ponto de vista social e humanitário, essa pesquisadora rigorosa, se coloca ao lado de figuras ícones da Nutrição; tais quais, Josué de Castro, Naide Teodósio e Nelson Chaves. Esses cientistas que foram preocupadíssimos com os graves problemas da fome no país e no planeta. Esses atributos lhe permitiram forjar uma plêiade de colaboradores que incansavelmente pesquisam as “Bases Fundamentais do Comportamento Alimentar”. E não bastasse toda contribuição acadêmica na pesquisa, no ensino e na formação dirigidos a nossa população, a Dra. Sandra nos brinda com essa obra que nos faz refletir sobremaneira acerca dos diversos aspectos do Comportamento Alimentar.

No início da obra, debuta o primeiro capítulo, intitulado “Comportamento alimentar no desenvolvimento fetal e maturação”, revelando-nos que “alimentar-se” inicia-se muito antes do que imaginamos. A regulação do comportamento alimentar é um processo complexo que envolve vários reguladores centrais e periféricos. O sistema de controle da ingestão alimentar pode se moldar dialeticamente em correspondência ao ambiente nutricional, direcionando-o inexoravelmente ao seu padrão maduro.

Segue-se um tema extremamente instigante e original na atualidade; qual seja, a “Palatabilidade no comportamento alimentar”. Quase imanente à dieta ocidentalizada surge o pressuposto do alimento palatável, e com esse, a tragédia dos alimentos ricos em gordura, açúcares simples e sal. A importância da palatabilidade para o comportamento alimentar e suas vias neurais são tratadas com rara profundidade.

Tratando sobre a “Sinalização do trato gastrointestinal para modulação do comportamento alimentar”, o leitor pode concluir que a ingestão de nutrientes é a única forma que os seres vivos possuem, na natureza, para obterem a energia necessária para realização de suas funções metabólicas. Particularmente, em animais pluricelulares, a exemplo do homem, uma vez que a alimentação é fundamental para a vida, o controle do comportamento alimentar não poderia ser restrito à região circunscrita de seus organismos.
Assim, em seus corpos, através dos milênios de evolução, diversas regiões foram se especializando para identificar a presença ou sinalizar a ausência de nutrientes e acionar a maquinaria, por ex. neural, levando a percepção de saciedade ou fome, respectivamente. Nesse capítulo sintético, entretanto primoroso, os mecanismos de modulação da ingestão alimentar são des-
vendados para o estudioso com o primor profundo e didático de um John Blundel, grande cientista da área.
No capítulo “Tecido adiposo e controle do comportamento alimentar”, depreende-se que o tecido adiposo órgão central no metabolismo e na regulação da homeostase de energia de todo o corpo. É um importante órgão endócrino com funções reguladoras no balanço energético, apresentando também funções neurais. Atente-se aqui para a importância do tecido adi-
poso marrom, tecido-órgão encontrado em todos os neonatos nas espécies mamíferas.
O nervo vago está distribuído em distintos mamíferos pelo corpo de uma forma espetacularmente extensa. Ele conduz uma gama de informações sensitivas e motoras das vísceras para o sistema nervoso central que por fim permitem resposta adequada ao aporte nutricional. No capitulo “ Nervo Vago e Controle do Comportamento Alimentar”, o papel deste nervo craniano no controle do comportamento alimentar, sobretudo na integração de sinais nutricionais da periferia do corpo para núcleos centrais são tratados à luz das mais recentes descobertas clinicas e experimentais. São apresentadas descrições, tanto estrutural do vago, bem como de sua participação na fisiologia do comportamento alimentar e na fisiopatologia da obesidade.

No capítulo “Controle do comportamento alimentar e metabolismo”, os autores procuram elucidar de modo sistemático as vias metabólicas implicadas nos distintos componentes advindos dos nutrientes que adentram e se transformam no organismo através do complexo processo da nutrição.

Assim sendo, a influência mútua entre ambiente, estado energético e comportamento alimentar, como concluirá o leitor, refletirá no metabolismo.

Outrossim, as diferentes vias metabólicas são moduladas de acordo com a ingestão ou não e essas também influenciarão o organismo a engajar-se ou não em processos para procura comportamental dos alimentos. A fórmula que o autor trata aspectos tão complexos de maneira didática torna a leitura prazerosa mesmo para leigos no assunto.

O hipotálamo segundo os autores é um dos principais, se não o principal, centro do controle do balanço energético. No capítulo denominado “Hipotálamo e o controle do comportamento alimentar”, os autores mostram que recebendo várias informações do trato gastrointestinal através do vago e da circulação, o hipotálamo integra informações sobre o tamanho da refeição, de sua palatabilidade, de sua carga energética, do valor nutricional da refeição e do tipo de alimento ingerido. Por conseguinte, chegam ao hipotálamo sinais de fome e saciedade que interagem com outras informações, as quais indicam o estado metabólico do indivíduo. Este conjunto complexo de interações decidirá a reação do organismo no controle do comportamento alimentar.

Os componentes homeostático e hedônico do comportamento alimentar são coordenados de forma complexa e integrada pelo sistema nervoso central. Os vários sistemas de neurotransmissão participam para tanto de forma decisiva. No capitulo “Neurotransmissão e Comportamento Alimentar”, há ênfase na ação dos sistemas serotonérgico e dopaminérgico. O sistema serotonérgico atuando principalmente no componente homeostático, enquanto o sistema dopaminérgico no componente hedônico. Certamente, John Stuart Mill ou mesmo Aristipo de Cirene se aqui estivessem vindos do passado recente ou remoto ficariam encantados diante das explicações cientificas do prazer embutido no ato de “alimentar-se”, nos proporcionada pelo autor. Após a leitura desse belo texto dirá o leitor: “A alimentação é a nutrição do corpo e da alma”.

Foi para mim um deleite ler esse capitulo que humildemente foi denominado “Controle hedônico do comportamento alimentar”. Contudo, o modus operandi de tratamento do tema nos leva viajar por uma estrada de aventuras e curiosidades. Ficamos a refletir sobre a complexidade de um ato corriqueiro e desde que nascemos habitual. E dai uma obvia constatação do pesquisador de que não paramos para pensar a tamanha transdisciplinaridade do ato prazeroso de comer, aquela mesma complexidade apontada por Edgar Morin. O que está por trás da escolha do alimento e consequentemente dos mecanismos que nos levam a sentir prazer quando consumimos determinados alimentos? Por que preferimos alimentos doces, salgados ou gordurosos? Por que a textura influencia na nossa escolha? Caro leitor deixo para vocês o mesmo prazer que tive ao ler por varias vezes esse capitulo.
O comportamento alimentar sempre foi estudado do ponto de vista homeostático, levando em consideração as vias neuroendócrinas e o balanço energético como fatores primordiais para a regulação desse comportamento.
Ao longo dos anos como a Dra. Sandra e sua equipe nos fazem observar através dessa obra brilhante, há mais partícipes na complexidade explicativa do comportamento alimentar. Sim! Existem muito mais mecanismos envolvidos, desde o controle hedônico, as interações ambientais e fatores epigenéticos. Há também aqueles microorganismos que habitam nosso cor-
po por exemplo a microbiota. E aqui a equipe da Dra. Sandra nos revela o papel da microbiota intestinal. Há estudos mais modernos que apontam a interação desta com o sistema nervoso do hospedeiro, através dos seus metabólitos, formando assim o eixo cérebro-intestino-microbiota. Vários fatores ambientais estão envolvidos na formação dessa microbiota e como ela irá interagir com o organismo. Esses fatores irão desde o tipo de nascimento, o estilo de vida e a alimentação do indivíduo, que influenciarão a formação e a manutenção da microbiota, bem como os produtos do seu metabolismo.

Esses metabólitos ao interagirem, por sua vez, com o sistema nervoso entérico, e com o sistema nervoso central através da via vagal, podem levar o indivíduo a ter preferência alimentar pelos nutrientes adequados à sua microbiota, perpetuando-a. Esse belo e empolgante capítulo aborda de uma maneira encantadora os aspectos da microbiota intestinal, o conceito do eixo
cérebro-intestino-microbiota e como esse eixo pode influenciar o controle do apetite. O capitulo é imperdível e denomina-se “Influência da microbiota intestinal no comportamento alimentar” O “Comportamento alimentar na obesidade” é o capitulo dessa obra que nos trás à memória uma das mais terríveis pandemias do planeta, a obesidade. A equipe da Dra. Sandra Lopes de Souza nos faz refletir nas entrelinhas que o prazer desmedido dos tempos modernos associados à falta de informação ou desinformação tem levado junto com fatores outros ao excesso de peso e a obesidade. Os autores da equipe da Dra. Sandra tentam de uma maneira embasada na ciência explicar o que se passa e o que leva nosso organismo ao acúmulo patológico. Fica claro que um aspecto patológico da obesidade esta associado de uma forma alterada àquela sensação de prazer despertada ao nos alimentarmos. Há portanto um sistema de recompensa no nosso encéfalo, ele também é conhecido pelos neurocientistas como sistema hedônico da alimentação ou sistema mesolímbico. Para atingir essa sensação, diversos circuitos neurais são ativados. Antes do acionamento dos circuitos neurais cerebrais, precisa ocorrer, principalmente, a interação do alimento com o sistema gustatório e olfatório iniciando as ativações neurais. No entanto, outros componentes sensoriais como textura (maciez ou crocância), temperatura, e mesmo a sensação de fome e memória de experiências passadas, serão determinantes para se construir o sabor e o paladar despertando o prazer de se alimentar. Comer é um dos atos prazerosos despertados em nosso organismo. Mas, este prazer pode ter alterações que culminam ultrapassando os limites do controle homeostático da fome e da
saciedade, e, por conseguinte, podem desencadear distúrbios alimentares e de peso corporal.
Enfim, sinto-me feliz por ter lido e prefaciado essa obra. E sei que sua leitura e estudo permitirá que muitos leitores deleitar-se-ão com o prazer do conhecimento sobre algo tão ligado a vida contido na obra literário-cientifica da equipe da Dra Sandra Lopes de Souza. Digo e repito desde os primórdios dos tempos sobre a face do nosso planeta: “Não há vida sem Nutrição e não há nutrição sem vida”. O comportamento alimentar acompanha a vida na evolução e no desenvolvimento de cada ser vivo em nosso planeta.

Guia prático do auditor para gestão municipal de saúde

Erlene Roberta Ribero dos Santos — 2024-05-20

A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) como Direito Social garantido pela Constituição Pátria, iniciou uma luta sem fim pela efetivação desse direito. Assim, descortinaram-se necessidades de mecanismos institucionais que levassem para o gestor municipal, uma forma prática de avaliar as políticas públicas de saúde e seus resultados. Um desses mecanismos se consolida no trabalho executado pela auditoria do SUS. O conteúdo da presente obra traz para o auditor do referido sistema conhecimento teórico e prático, das principais atividades pertinentes ao campo de trabalho, deflagrando assim um processo de conhecimento da área de atuação e sua importância para a gestão de saúde como um todo. As autoras e autores, utilizando-se de uma revisão de literatura e de discussão virtual, esgotaram o tema proposto, dando ao texto apresentado uma robustez que garantem ao leitor conhecimento estrito sobre o assunto. O contexto de criação ocorreu no desenvolver do trabalho de conclusão da disciplina de Auditoria em Saúde, Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Pernambuco – CAV, 2020.2, e muito contribui para a ainda escassa literatura acerca do tema.
Sônia Monteiro Lauria
Enfermeira especialista em auditoria - SES/PE

Neurocirurgia, Neurologia e Neurociência

Alcântara Ramos de Assis César — 2023-12-01

Estamos felizes em editar nosso primeiro volume da série intitulada Neurocirurgia, Neurologia e Neurociência, livro que traz em seus capítulos diversos temas relacionados com essas três grandes especialidades ou áreas do conhecimento.

Em 1982, Richard Buckminster Fuller (1895 - 1983) escreve Critical Path (em português “O Caminho Crítico”) onde explica a teoria da “curva de duplicação do conhecimento” da humanidade. Ele, fundamentado em sua pesquisa, estimou que o acúmulo de todo o conhecimento adquirido pela humanidade, se fosse considerado o ano 1 d.C. de nossa era, seria duplicado apenas 1.500 anos depois, ou seja, no ano que o Brasil foi descoberto. Fuller relata que como o desenvolvimento do conhecimento humano segue uma progressão exponencial, a próxima duplicação ocorreu depois de 250 anos, no ano de 1750. Em 1900, houve nova duplicação (150 anos depois). A cada duplicação do conhecimento a velocidade aumentaria de forma mais rápida. Em 1945, a taxa de duplicação era a cada 25 anos.

O médico Peter Densen, de Iowa, USA, calculou em seu estudo Challenges and Opportunities Facing Medical Education que o tempo para todo o conhecimento médico dobrar em 1950 foi de 50 anos; em 1980, de 7 anos; em 2010, 3,5 anos; e em 2020, a projeção foi 73 dias.

Desta forma estamos na transição da “Era da Informação” para sua aplicação, a “Era do Conhecimento”. Não basta apenas informar, temos de produzir e experienciar conhecimento para contribuir com novas ideias, diferentes formas de pensar, criar estratégias inovadoras, enfim, tornar o mundo cada vez melhor, com qualidade de vida superior, não só aumentando a expectativa de vida, mas sobretudo gerando mais saúde e felicidade para a população mundial atual de mais de 8 bilhões de pessoas.

Neste livro, os 84 autores, de 13 cidades (oriundos de 7 estados e do DF) do Brasil, abordam vários aspectos da área da Medicina, particularmente envolvendo o sistema nervoso, em seus 18 capítulos.

No primeiro capítulo é descrita a Terminologia Anatômica que deve ser usada ao descrever uma estrutura anatômica; foi colocada inclusive a equivalência com os epônimos clássicos respectivos. Um breve histórico sobre organização da nomenclatura e padronização dos termos é encontrado, valorizando a participação de brasileiros. O leitor também encontrará muita informação sobre Neuroanatomia, muitas vezes avançada, com detalhes anátomo-funcionais importantes para a realização de procedimentos neurocirúrgicos, incluindo intervenção endovascular. Noções sobre o líquido cerebrorraquidiano que circula no espaço subaracnóideo e nos ventrículos cerebrais são descritas no terceiro capítulo, abordando sua produção, circulação e absorção, e sobre doenças associadas como hidrocefalia, hipotensão liquórica e meningite.

Recordamos também de vários nomes que muito contribuíram com a História da Medicina, principalmente nos primórdios da Neurocirurgia e da Neuroanatomia. Dezenas de doenças neurológicas são comentadas, e o leitor encontrará algumas delas ao ler qualquer um dos capítulos do livro.

A Neurociência Básica ou Experimental é abordada em vários capítulos de forma rica e diversa. O capítulo dedicado à Ayahuasca nos lembra que o conhecimento vai além dos limites acadêmicos e científicos, abraçando saberes ancestrais e rituais que têm raízes profundas na história da humanidade. Bebida produzida a partir da infusão e decocção de algumas plantas para cura de várias doenças e conexão com o mundo espiritual. Esta é uma prática de mais de 6 mil anos nos rituais indígenas de natureza espiritual.

Cuidados da enfermagem com pacientes que sofreram acidente vascular cerebral são minuciosamente comentados, desde a chegada do paciente na emergência, realização da injeção do trombolítico ou trombectomia mecânica, assistência na unidade de terapia intensiva, até o acompanhamento após a alta hospitalar. Nos ensinando a traduzir o conhecimento em ações tangíveis, na prática necessária para que um bom resultado seja alcançado.

Que este livro inspire você a abraçar o conhecimento, conhecer o que seus colegas produzem, explorando as maravilhas da Neurocirurgia, Neurologia e Neurociência. Esperamos que nos próximos volumes desta série, você continue colaborando como leitor ou autor, contribuindo com sua experiência e conhecimento em Neurociência Clínica, Cirúrgica ou Experimental. Afinal, o mundo hoje segue o conceito do lifelong learning.

Regras da escrita científica

Marcelo Moraes Valença — 2023-05-09

Apresentação

Há uma lacuna na formação acadêmica de nossos estudantes relacionada à escrita científica. O entendimento sobre o processo de publicação é um tema frequente nas conversas entre os alunos das pós-graduações nas áreas da Saúde e da Biologia. Mesmo os docentes das grandes universidades no Brasil não tiveram a oportunidade de receber um treinamento sobre como elaborar um artigo científico com qualidade suficiente para ser aceito em um periódico de circulação internacional. A repercussão dessa incapacidade de escrever e divulgar o conhecimento científico é notada no número pequeno de programas de doutoramento credenciados pela Capes, principalmente no Norte-Nordeste do Brasil. Sem falar que muitos programas de pós-graduação stricto sensu foram recentemente descredenciados pela Capes pelo baixo número de artigos publicados em jornais classificados como Qualis A na Capes (i.e., com fator de impacto maior que 4-5) tanto pelos docentes como pelos discentes, e.g. mestrandos e doutorandos.
Orientar alunos no mestrado, doutorado ou no pós-doutorado só é permitido para docentes comfrequente produção científica em periódicos internacionais, pelo menos para aqueles docentes que atuam nas áreas da Medicina e da Biologia. É muito preocupante esta ameaça de “extinção” de nossos programas de pós-graduação pela dificuldade na publicação dos resultados de teses de mestrado e doutorado pelos alunos que finalizam seus estudos. Assim, achamos pertinente escrever sobre este tema a fim de (1) auxiliar os iniciantes na carreira acadêmica na construção de cada tópico de um artigo científico, (2) orientar o autor na submissão da monografia no jornal escolhido para publicação, (3) citar alguns detalhes relacionados com o acompanhamento dos processos editorial e de revisão, e (4) orientar os autores para observar com atenção os ajustes solicitados pelos revisores. Isso tudo visando a tão sonhada publicação do artigo científico. Este livro está dividido em três partes. A primeira delas apresenta os tópicos ou secções que são encontrados em um manuscrito, relacionados com um desenho de pesquisa clássico, classificado como “artigo original”. Desta forma, orientamos como um artigo deve ser escrito com uso de algumas regras práticas. Aqui vale salientar que nos periódicos classificados pela Capes como “Qualis A1” menos de 20% dos artigos submetidos são aceitos para publicação. Não basta apenas ser bem escrito, os artigos competem entre si no sentido de abordar temas atrativos para serem lidos e posteriormente citados por outros autores; assim elevando ainda mais o fator de impacto da revista científica. Na segunda parte do livro são detalhados as etapas para conseguir a sonhada publicação nessas revistas científicas. Tratamos desde a seleção do jornal, a realização da submissão do artigo, o acompanhamento da revisão, realização e justificativa dos ajustes solicitados pelo pareceristas/revisores, até o aceite para a eventualpublicação.
Na última parte comentamos brevemente sobre métricas científicas tão em voga nos últimos anos. Nós pesquisadores somos avaliados não só pelo número de artigos que publicamos, como também onde publicamos, mas também, principalmente, pelo número de citações que cada um de nossos artigos receberam.
Não é uma tarefa fácil escrever um manuscrito científico. Antes de iniciar a escrita temos de escolher o jornal mais apropriado para submeter o estudo, adaptando a estrutura com as normas do jornal selecionado. Nem sempre um artigo com qualidade excepcional é aceito para publicação. O fato de um artigo ser rejeitado não significa que o artigo não apresente dados e resultados importantes. Vários cientistas que ganharam o Prêmio Nobel tiveram a insatisfação de ter o artigo, relacionado com o prêmio, inicialmente rejeitado.
Nesta obra básica partilhamos também algumas “dicas” que depois de muitos “nãos” dos jornais (i.e., artigo rejeitado), juntamente com nossa experiência como editores e revisores nos permitiram enumerar informações importantes para otimizar a chance de publicação.
Esperamos que a leitura deste livro auxilie na formação da carreira acadêmica daqueles que atentaram que o sucesso de um pesquisador ou de um docente depende não somente do ensino aos mais jovens, mas principalmente na publicação e divulgação de seus achados para a comunidade científica

Memorial Inacabado

Raul Manhães de Castro — 2022-12-06

Raul Manhães de Castro é mais que um hábil pesquisador e um professor nato, é um humanista. Ao longo das páginas de seu Memorial, o filho de Dona Eunice e do Sr. Waldemir associa seu passado às conquistas do presente, sempre em busca de um futuro socialmente justo. Em toda sua vida profissional, ele dissemina sua visão humanista - através de aulas, palestras, orientações - e se perpetua ao “pesquisar pesquisadores”, valorizando os questionamentos mais do que as repostas prontas, permitindo que seus ensinamentos reverberem ainda por gerações. Assim, seu Memorial será sempre inacabado.
A leitura deste texto, didaticamente escrito, é cativante e irá certamente inspirar e incentivar o leitor a também utilizar o conhecimento científico a serviço do bem-estar social e da igualdade de oportunidade para todos os indivíduos.